O que é a Personalidade - parte 3 - Está algures ente Introvertido e Extrovertido, e Cattell criou o teste para o descobrir

Raymond Cattell, na sua carreira, publicou mais de 400 artigos científicos, 40 livros e uma série de testes de personalidade. A vastidão do seu trabalho e a complexidade das suas teorias são demasiado extensas para um post, mas selecionei os aspetos mais gerais e únicos do trabalho de Cattell.

3. O Modelo do Traço-Disposição

Cattell começou o estudo da personalidade (e na psicologia em geral), definindo primeiro a forma como iria fazer esse estudo. O psicólogo tinha determinado que a maneira mais eficaz de aprender sobre o que quer que fosse era, primeiro, reunir enormes quantidades de informações, examinar essas informações no sentido de elaborar uma hipótese específica e testar essa hipótese, repetindo novamente o processo e indo eliminando hipóteses até restar a hipótese mais precisa.

Cattell também define a personalidade utilizando o termo Traço. Para ele um Traço é uma entidade permanente, que se tem desde a nascença ou que se desenvolve durante a vida e determina o comportamento da pessoa. Um traço existe, ainda, em diferentes graus hierárquicos, sendo que uns traços são mais gerais (ex: extrovertido) e outros mais específicos (ex: sociável). Todas as pessoas podem ser vistas como estando algures na dimensão do Traço (ex: todos estamos algures, na dimensão que vai de introvertido a extrovertido).

Para definir os traços que melhor descrevem a personalidade de uma pessoa, Cattell utilizou a investigação léxica de Allport e Odbert e submeteu as palavras descritoras de personalidade a um novo método de análise estatística que se tornou possível com a evolução dos computadores.

Este procedimento, Análise Fatorial, elaborado pelos psicólogos Spearman e Thurstone que se focavam no estudo da inteligência, foi desenvolvido com o intuito de encontrar um fator de ordem superior que explique um conjunto de fatores menores.  Então, todos esses adjetivos previamente identificados foram, primeiro, aplicados a um grande número de pessoas, pedindo-lhes para classificarem o grau em que cada adjetivo se aplica a si. Toda esta informação foi submetida à Análise Fatorial, e Cattell descobriu que uma série desses adjetivos tendiam a aparecer em conjunto, isto é, convergiam num mesmo e único fator.

Esta análise significa que uma pessoa que tende a ser terna, também tende a ser dependente, sobreprotegida e sensível. Sabendo isto poderá ser possível encontrar uma palavra ou expressão que coletivamente refira os quatro adjetivos simultaneamente. Cattell designou este fator específico por Brando. Assim, uma pessoa branda é alguém que tende a ser terna, dependente, sobreprotegida e sensível.

3.1. Avaliação da Personalidade nesta perspetiva

Cattell desenvolveu vários instrumentos para medir a personalidade dessa forma. Entre eles, o que mais validade reuniu foi o 16 personality factores (16PF) e é usado atualmente numa série de contextos, desde clínicos a industriais, medindo com precisão os fatores identificados por Cattell.

No entanto, outros investigadores que tentaram replicar o estudo de Cattell não conseguiram chegar a esses 16 fatores, implicando que os fatores de Cattell, na verdade, não são os fatores mais representativos da personalidade do ser humano.

Referências

Até à próxima,

Ricardo Linhares

Instagram @linharespsicologiaVer no Google

Ricardo Linhares

Consultas de Psicologia

© 2021 - 2025

Ordem dos Psicologos Portugueses (OPP)Association for Contextual Behavioral Science (ACBS)